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Não quero mais escrever este poema.

por Pedro Ramos, em 18.04.21


não quero mais escrever este poema 
há muito para dizer     mas não aqui 
o sumo das videiras escorre-me 
pelos cantos da boca
perdi a inocência quando tropecei

sei que entenderás esta 
declaração de intenções: 
pretendo ser deixado 
solto e largo 
como um pano      ao desbarato 
dos ventos nos fios metálicos
da nossa urbanidade

e dizer isto é dizer tudo 
o silêncio assobia nas penas de um 
cacto    o lago uiva assombroso 
na rouquidão da noite 
e dizer isto é dizer 
que te amo    que te procuro 
que te trago quando vens ao
encontro das minhas sibilâncias 

que te encontro num amor de 
trincar    um amor em cachos gordos
coisas de rebentar 
uma taça de estrelitas 
coladas ao céu   da boca 

a erva é seca e rasteira 
o universo   infinito 
a noite inteira é uma longa
história de morrer 

 

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publicado às 10:46


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