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Deve abrir-se Setembro com cerimónia.
O hábito faz o monge, diz o povo. Os restaurantes são uma espécie de convento urbano. Mas o monge não é como a mulher de César: dispensa aparências, dedica-se com especial intensidade à arte de ser.
À mesa do restaurante o povo ganha uma outra cor. Ficamos gordos e corados, muito queridos, mesmo se estivermos trinca-espinhas e anémicos.
É que, muito antes de alegrar o estômago, a comida vem seduzir o espírito, o olhar, a expectativa.
Abre-se a mesa de um almoço com uma cesta de pão. A qualidade de um restaurante adivinha-se no método, no mimo que alguém dedicou àqueles pequenos nacos de forno.
O bom pão é mais monge do que hábito.
Quando o olhamos, um pouco confuso e desfeito na cestinha, acamado num pequeno paninho bordado, não damos muito por ele. É na boca que a sua textura elástica se desfaz devagar, dá a volta à língua, brinca com as papilas, agarra-se - divertido -, à cova de um dente, antes de aceitar ser degustado até ao fim, cerimonial e fresco.
Setembro é o pão das nossas vidas. Surge assim como uma inesperada oportunidade de alegria, de renovação, no último terço do ano. É preciso respeitar o método.
Viva Setembro!
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