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A minha mãe e a minha irmã fumam juntas antes de dormir. A minha mãe fuma na sala, de olhos fitos e impenetráveis na telenovela. Ali cresce um amor qualquer, dependente de um juízo editorial e comercial, como todos os amores. A minha irmã fuma na varanda do quarto, de olhos húmidos devotados à silhueta da lua, quando há lua. Ambas morreram um pouco na mão de amores antigos. Ambas se confessam em silêncio, cedendo a um certo desespero calmo. Um dia morreremos todos, e as nossas campas desenharão uma pequena fila de terra e mármores. Amar e fumar são faces do mesmo verbo.
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