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Agora é que vai ser, vais ver. Agora é que vamos confinar este vírus filho da mãe de volta para o buraco escuro de onde nunca devia ter saído. Está tudo planeado. Há gente a tratar do assunto. À curva já lhe doem as costas de saber o quanto vai ter de achatar. Não é pecado falhar, e havemos de falhar vez e vez depois até chegar ao milagre, o acerto final. Uma coisa à filme. Ficar em casa: quão difícil pode ser? Parece que à conta desta pandemia estamos quase no recorde de mortes do Ultramar, ou seja, é uma história sobre os avós que matámos ou dilacerámos a propósito de um orgulho ferido. Um homem deve ser dono da sua terra. Ter um pedaço de campo. Espairecer. Se agora nos pedem um pouco de recato, uma máscara no rosto e um certo distanciamento polido - que só nos faz bem -, então que cumpramos com brio. Agora é que vai ser. Um exército de recibos verdes fechados em laboratórios criou para nós vacinas novas, à noite o sonho da vacina até faz saltar o braço na ponta da seringa, é tudo uma realidade, enfim, moderna. Eu cá não tenho medo de me vacinar. Confio na ciência. Há sempre muitos estudos. A evidência está saindo dos fornos da história como pãezinhos quentes, imparável. Provavelmente teremos de tirar aos jovens o dom da escola para não tirar aos velhos o dom da vida. A sociedade é uma broa de milho que a gente aperta nos dedos gordos até se esboroar amigavelmente, e é uma formiga que o polegar pisa para logo esquecer, divertida. As eleições presidenciais atravessam-se no meio do caminho, uma diversão para a gente espairecer de estar vivo e em fogo. Quem sofre raramente se distrai. Alguém com aspeto duvidoso procura, afastando pedras e arbustos, culpas e culpados. O governo, as pessoas, o excesso de normas, o relaxamento nas regras, o abre e fecha, a testagem, as vacinas. Caricaturas de caricaturas, um assunto muito aborrecido, um tremendo cansaço gélido. Nem posso ir ver o mar. Seria importante que cada pessoa fizesse aquilo que é correto. Assunto fechado.
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