Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Sentado para escrever depois de um anoitecer com alegria, vejo de rompante imensas coisas sérias e belas acordar o horizonte emparedado: a roupa dela ao vento num estendal, uma persiana que se cruza até parar o voo a meia-altura, a luz baça da iluminação elétrica e pública, que os polícias alinham para ensombrar as esquinas certas. Se me distraio não recordo sequer a distância significativa do pó pelos caminhos, as rugas da latitude expostas nas serras penetradas pela mesma estrada. Esqueço porque aqui te encontro, por dentro, nas candeias alumiadas mornas de um amor sossegado com lagos verdes, patinhos erráticos. Há patos em todos os amores juvenis, uma coisa perfeitamente palerma. O bulício do Martim Moniz sobe pelas paredes da praça como se fosse um ser capaz de trepar. No céu cruzam-se distintamente duas marcas de aviões opostos. Daqui onde estou sabe deus para onde irei. Lisboa arde nas pupilas dos que se sentam, redondos e macios, em longas escadarias mal iluminadas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.