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Quando encerramos o pão a nascer dentro do forno ficamos contemplando, lá fora, a alegria do fumo. E das chaminés fumegantes da aldeia, em plenas noites de inverno, também a visão do fumo que trepa nos fica sempre na memória. Há uma continuidade profunda nestes lugares de fé. As casas envelhecem, e delas os proprietários, as cabras e as flores. Mas o amor telúrico - agrícola, concreto - é uma coisa que não cessa nunca. Algumas coisas não cessam nunca. A vida bem vivida impõe-se, involuntariamente, como uma religião: a boa vida bela não ascende como o fumo, antes fixa pesados os pés à terra pura, na germinação de plantas de comer e na pele de filhos. É assim na aldeia, se antes de adormecer esvoaçarem loucos olhares, voo rasante, por cima de algumas linhas poéticas. O Daniel Faria, desassossego sossegado. Morrer será como receber no correio uma epístola das finanças.
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