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sou teu amigo com o copo cheio e há uma certa luz que se acende quando entras na sala, algo que dentro de mim diz olha um amigo, e é novamente verão quente com sabor a pipocas ou farturas na praça, comprámos bilhetes para ver uma banda qualquer, e isso vai ser uma alegria maior do que encontrar no chão uma nota preta. sou teu amigo do tempo simples e do tempo morto, inequivocamente amigo, sem mais, nem menos, um abraço aberto, descaradamente aberto, eu precisava tanto de um abraço descarado e franco que me envolvesse ao ponto de dizer olha um abraço tão lindo, e é novamente verão quente, passámos a tarde na piscina a topar miúdas giras e a comer gelados, a fingir músculo, a encolher a barriga, a não-pensar no mundo enorme, nos astros em cima, no futuro em frente, ali é que nascia um amor germinativo que hoje me agarra no braço para que regresse a uma origem, caminho para casa, caminho de morrer ou nascer, caminho de te ver novamente tão serenamente sorrindo, como se Deus existisse e tivesse dó de mim e entendesse dar-me só uma alegria pequena para se aninhar dentro do meu braço, escorregar para o meu coração, e aí ficar a dormir uns dias, T1 como novo, bem situado, boas áreas, luz natural, sem fiador.
Casas, Maria Helena Vieira da Silva, 1957
"Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar"
- Daniel Faria
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